Entre os primeiros cinco meses de 2015 e 2016, grandes empresas da área da construção civil aumentaram em 25% os lançamentos de imóveis, segundo a publicação Indicadores Abrainc/Fipe, da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias e da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica. É sinal de confiança pequeno, mas que nem por isso deve ser ignorado, pois, se a crise no setor continua forte, algumas companhias parecem se preparar para uma retomada futura.
Os dados conjunturais mostram que os problemas ainda predominam. Por exemplo, o sindicato da habitação (Secovi-SP) constatou que as vendas de maio na cidade de São Paulo foram de apenas 1.059 unidades, reduzindo-se à metade em relação a maio de 2015 e inferior em 10% comparativamente a abril. Entre janeiro e maio, só 5.097 unidades novas foram comercializadas, queda de quase 30% em relação a igual período de 2015. Os lançamentos de 1.166 imóveis foram quase 53% inferiores aos de maio de 2015, embora maiores que os de abril.
Além disso, o valor médio de aluguéis medidos em 11 cidades pelo Índice FipeZap recuou 1,78% nominal no primeiro semestre. Diminui, portanto, a rentabilidade propiciada aos proprietários, que preferem fazer a locação a preços menores para não arcar com as despesas de condomínio, IPTU e manutenção.
Os números da Abrainc revelam um cenário menos sombrio. Em maio, as maiores incorporadoras lançaram 5,7 mil unidades, venderam 8,5 mil e entregaram 11,5 mil. O porcentual de vendas em relação à oferta (VSO) foi de 7,2%, superando os 4,1% apurados no levantamento do Secovi. A base de dados desses dois indicadores não é comparável, mas é possível que as grandes companhias do setor já comecem a antecipar uma reação, embora muito atingidas pelos distratos, que alcançaram 3,7 mil unidades, no mês.
Entre janeiro e maio, foram lançadas 21,4 mil unidades, segundo a Abrainc, 24,7% mais do que em igual período de 2015. Nos últimos 12 meses, os lançamentos de 68,3 mil unidades superaram em 5,5% os dos 12 meses anteriores.
Estoques de imóveis elevados, insuficiência do crédito a custo módico com recursos da poupança e dificuldades dos mutuários com emprego e renda (que ajudam a explicar o volume de distratos) são fatores negativos. Mas os lançamentos indicam que as empresas acreditam em virada até 2018, quando os imóveis ora lançados ficarão prontos.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 24 jul. 2016