A expectativa de empresários do mercado imobiliário em relação ao governo de Michel Temer continua positiva, apesar da possibilidade de não haver recursos para as faixas 1 e 1,5 do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.

A escolha da equipe técnica pelo governo e a perspectiva de redução da taxa de juros estão entre os pontos mais ressaltados por representantes do setor ouvidos pelo Valor.

O setor considera provável que não sejam liberados recursos para as duas primeiras faixas do Minha Casa, após o período de revisão dos programas sociais pelo ministério das Cidades, mas avalia que haverá continuidade para as faixas 2 e 3. As faixas 1 e 1,5 utilizam recursos do Tesouro Nacional, e as demais são financiadas pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

No mercado, não há unanimidade em relação ao entendimento se haverá ou não impacto para incorporadoras com foco nas faixas 2 e 3 da avaliação que será feita de programas sob supervisão do ministério das Cidades. Existe preocupação, segundo um analista setorial, que as operações nos moldes do programa possam ficar mais difíceis para as empresas. Há quem diga, porém, que ainda que novas contratações de produtos para a faixa 2 e 3 sejam suspensas ­ o que não é o esperado ­, as incorporadoras poderão lançar e vender produtos enquadrados, anteriormente, no programa.

O Valor apurou que empresários do setor de incorporação lamentaram a saída de Romero Jucá do ministério do Planejamento. Segundo fonte, o senador é próximo do setor e do ministro das Cidades, Bruno Araújo, situação que seria favorável para o Minha Casa, Minha Vida.

Mas, segundo uma fonte, desde que Temer assumiu o governo, a política tem tomado menos tempo de empresários e executivos, e as atenções voltaram a se concentrar nas próprias questões das incorporadoras, como os distratos. A percepção, de acordo com a fonte, é que o ritmo de cancelamentos de vendas foi reduzido nas duas últimas semanas, o que sinaliza aumento da confiança.

Caso as taxas de juros sejam reduzidas daqui para frente, diminui o risco de desenquadramento da renda do comprador de imóvel residencial dos critérios bancários, à medida que cai o valor das prestações. Isso pode contribuir para a queda de estoques e distratos e para a retomada de lançamentos.

Um empresário destaca que a redução da taxa de juros pode ajudar também a tornar a aquisição de unidades para locação mais atrativa em relação a aplicações financeiras, elevando, novamente, a demanda de investidores por imóveis residenciais e, principalmente, comerciais.

Após Temer assumir o governo, o portal VivaReal fez sondagem com 1.100 pessoas sobre expectativas relacionas à aquisição de imóveis. Segundo o executivo chefe de operações do VivaReal, Lucas Vargas, não houve mudanças na procura nem no fechamento de compra de unidades com a mudança de governo. Do total de participantes, 49% não alterou a decisão de compra de imóvel.

Já entre os 39% que tiveram a percepção alterada, 70% decidiram fazer a aquisição em outro momento. Vargas conta que a expectativa que pode haver queda de preços foi reforçada e mais pessoas estão dispostas a esperar.

Fonte: Valor, 27 maio 2016

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